“Bem Aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque o tempo está próximo.” Ap 1.3
Ἀποκάλυψις (Apokalypsis) – Palavra grega formada por “apo”, tirado de, e “kalumna”, véu, desvelar, descerrar, tirar da sombra. Traduzido mais abundantemente como Revelação.
Escrito pelo apóstolo João, em Éfeso, no ano 96. Fala sobre a vinda de Jesus.
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e ele as enviou e as notificou pelo seu anjo a seu servo João.” (Ap 1.1)
Jesus é o dono da mensagem, o verdadeiro autor. É o livro do Amém, do Alfa e Omega, o Primeiro e Último (Ap 1.8). Essa mensagem é do tamanho do seu dono, é um enorme privilégio termos acesso a ela. Simplesmente não há neste mundo, ninguém e nem nada, que seja mais importante do que Ele, ou que exista antes ou depois dele. Interessante ele dividir o calendário mundial, e ser a causa e a conclusão de tudo. É a pessoa central da história da humanidade e é em si a própria história.
Contudo, quem escreve a mensagem, e a recebe por intermédio de um anjo, é o apóstolo João. As profecias deveriam começar a acontecer muito brevemente ou imediatamente. Se discute se seria apenas para aqueles dias, ou se “em breve” era atemporal.
“Quem deu testemunho da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo e de todas as coisas que viu.” (Ap 1.2)
David H. Stern comenta que o uso “testemunho de Yeshua”, não seria subjetivo, mas objetivo. O que indica que João dava o testemunho do testemunho de Jesus. E que no versículo 9 está escrito que por causa do apóstolo ter proclamado o testemunho de Cristo era que ele estava preso em Patmos.
“João, às sete igrejas na província da Ásia: Graça e paz para você, dAquele que é e foi e está para vir, e do Espírito sétuplo diante de Seu trono” (Ap 1.4)
Ásia não corresponde ao continente asiático, e, sim, a uma província romana, que atualmente é a Turquia ocidental.
Estas sete igrejas, em uma interpretação possível, faziam, ao mesmo tempo, menção às igrejas da época, de forma literal, com cumprimento para aqueles dias, mas também faziam menção às igrejas que surgiriam ao longo dos séculos.
Por sete ser um número usado na bíblia para indicar perfeição, plenitude, também a forma como Deus se dirige aqui a cada igreja vale para todas as demais, é com se estas representassem louvores e falhas de todos nós como crentes e servos, assim como a congregações que leva o nome do Messias.
Sete espíritos, ou espírito séptuplo. Há quem interprete como o Espírito Santo, e aqueles que entendem que são sete anjos. O número sete carrega uma carga mística, com uma forte potência para significar um estado de completude, de coisa absoluta, acabada, perfeita, enfim. Desde Gênesis, nós vemos que no sétimo dia O Criador descasou de sua obra perfeita, acabada.
Mais uma vez me apoio em Stern, concordo que o trecho se refere ao Espírito Santo. Ele usa o versículo 5 do capítulo 4 deste livro para explicar sua inclinação a crer que sete espíritos está se referindo ao Espírito Santo. Este trecho fala de sete chamas ardentes que são os sete espíritos de Deus:
“E do trono saíam relâmpagos, e trovões, e vozes; e diante do trono ardiam sete lâmpadas de fogo, as quais são os sete espíritos de Deus.” (Ap 5.4)
H. Stern também cita o livro de Isaías 11.2 quando se refere a sete qualidades que atribuídas ao Espírito de Deus. As sete qualidades em Isaías 11.2, seriam: sabedoria, discernimento, conselho (ou propósito), força (ou poder, ou coragem), conhecimento, e temor (reverência, respeito). Procurei em várias traduções e textos em hebraico, só encontrei seis qualidades. Imagino que o sétimo atributo seja ser o Espírito de Deus, divino.
Outro trecho que H. Stern nos traz está em Zacarias 4.2-10, onde fala do castiçal com sete lâmpadas:
“Ele me perguntou: ‘O que você vê?’ Eu respondi: ‘Eu vejo uma menorá de ouro puro com um receptáculo no topo e sete lâmpadas, com quatorze tubos indo para as lâmpadas.’ ” (Zc 4.2)
No próprio texto lemos o significado, que se refere aos sete olhos do Senhor.
“Porque, quem despreza o dia das coisas pequenas? Pois esses se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel; esses são os sete olhos do Senhor, que percorrem por toda a terra.” (Zc 4.10).
“e de Jesus Cristo, a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o soberano dos reis na terra. Para aquele que nos ama e nos libertou dos nossos pecados pelo seu sangue.” (Ap 1.5)
Jesus Cristo, a fiel testemunha, μάρτυς (martys). A palavra grega que traduzimos por testemunha pode também ser traduzida por mártir. Esta palavra aparece oito vezes no Novo Testamento. Jesus foi até a morte por seu testemunho. Faz parte da nossa caminhada com Deus essa possibilidade, de termos que enfrentar a morte por assumirmos a nossa fé publicamente. Sermos odiados, incompreendidos. Foi assim com Jesus. Ele é o máximo exemplo.
Ele é o primeiro dos mortos, mas sua morte na cruz o colocou como o poder supremo da terra. Ressuscitou e a nós também com ele. O primeiro a vencer a morte. E um dia todo joelho se dobrará diante dele, nada é mais certo e absoluto que seu Eterno poder.
Seu amor o deu este poder, derramar seu sangue por nossos pecados.
“quem nos fez para sermos um reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai – para Ele seja a glória e poder para todo o sempre!” (Ap 1.6)
Em seu reinado temos um líder perfeito. O princípio da liderança é divino. São os reis da terra que tornam os seus governos opressores, tirânicos, injustos. Deus nos dá em Jesus um Rei Eterno, de um reinado sacerdotal. Um reinado que nos dá uma chamada moral excelente, porque nos vocaciona a realizarmos obras espirituais para Deus, como os sacerdotes do templo que eram separados para o serviço espiritual.
” Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão por causa dele. Assim será!” (Ap 1.7)
A segunda vinda de Cristo. É um evento cheio de mistério, indescritível ou impossível de conseguirmos imaginar como será sua segunda vinda. O lamento deve vir da culpa pessoal de todos os incrédulos. A certeza de tudo que não se fez e que deveria ter sido feito para Deus. A consciência da negligência frente à Palavra de Deus. A prioridade que não dermos a Deus hoje nos fará arrepender no final.
“Eu sou o Alfa e o Ômega”, diz o Senhor Deus, que é e foi e está por vir – o Todo-Poderoso.” (Ap 1.8)
Assim assina Jesus, o verdadeiro autor de Apocalipse. Ele é, foi e está por vir. Alfa é a primeira letra grega, ômega é a última. Deus usando a escrita, a linguagem, a comunicação, para dizer que é o princípio e o fim. Ele é o todo de todo nosso universo simbólico. Tudo o que entendemos com palavras está reunido em Deus. E também em seu Filho Jesus. Todo o nosso esforço intelectual ou emocional, ou vontade humana, ou experiência, ou conhecimento, nada escapa ou ultrapassa o seu domínio.
Nós não precisamos hesitar em confiar no Jesus que nos outorgou a fé, que tem poder de nos dar salvação. E não precisamos temer a absolutamente nada. Conosco está O General de batalha, o Todo-Poderoso, O Rei dos reis, O Senhor dos Senhores. Sua Palavra é Fiel, sua obra é perfeita e quem o serve não irá perder nada, porque é nEle que habita a vida verdadeira.