“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.
Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e aniquilarei a inteligência dos instruídos.
Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação.
Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria;
mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios.”
(I Coríntios 1. 18-19, 21-23)
A palavra da Cruz
O trecho em grego no texto original usou as palavras: Ὁ λόγος τοῦ σταυροῦ (ha lógos tou stauros). Segundo o léxico (dicionário de línguas clássicas antigas), lógos “é um termo amplo que significa ‘raciocínio expresso por palavras‘. É um termo comum (usado 330 vezes no NT) no que diz respeito a uma pessoa que compartilha uma mensagem (discurso, comunicação, fala)”.
A linguagem permite aos homens emitirem um conjunto complexo de enunciados e significados. E não apenas por palavras. Os nossos gestos também falam. Até nosso silêncio é capaz de transmitir alguma mensagem.
O discurso da Cruz (ou palavra, ou mensagem da cruz), é algo somente possível através da linguagem, da comunicação. No Pentecostes, Deus derramou alguns dons do Espírito Santo, e um deles é o dom de falar em outras línguas. Desde o início, Deus criou o mundo com palavras, e depois o Verbo (lógos), Palavra, se fez carne e habitou entre nós (Jo. 1.14).
O que esta meditação de Paulo nos diz é que a palavra da Cruz é uma mensagem que, mesmo utilizando as palavras mais simples ou as mais rebuscadas, bem selecionadas, pensadas, sem o poder interpretador do Espírito Santo, não são compreensíveis aos seres humanos.
Por maior que seja a inteligência e a cultura do mensageiro de Cristo, por maior que seja a habilidade com as palavras, por mais que ele conheça os fatos históricos e científicos da vida de Jesus Cristo, e os transmita com precisão, com a maior fluência, seja no idioma exato do ouvinte, nada disso será suficiente se não houver da parte de Deus uma manifestação sobrenatural.
É sobre isso que Paulo está falando. Ele era um homem inteligente, era conhecedor tanto do grego, como do hebraico, conhecia as profecias judaicas, conhecia a cultura grega, ele era um romano, um judeu helenizado, ou seja, ele possuía qualificação para ser um grande missionário para os judeus e os gentios do seu tempo. Mas ele mesmo diz que não eram as suas habilidades intelectuais ou culturais que lhe garantiriam uma mensagem poderosa para tocar os corações.
E, Paulo também considera que, até para nós, a palavra de Deus é poder do Alto. Nós não conseguiríamos crer sem o trabalhar de Deus. Parece-nos tão natural. Parece-nos tão óbvio. Deus nos dá um entendimento tão “sólido”, “real”, de que esta mensagem da Cruz é verdadeira, mas essa solidez, na verdade, não é material, é parte do mundo espiritual. É uma relação com a Verdade Eterna, diferente da verdade terrena.
Nós sabemos que a Palavra de Deus é loucura para os que perecem. Nós sabemos que os não-cristãos não entendem nada, não acreditam em nada, riem da mensagem, acham-na absurda. Para o mundo os cristãos são ignorantes, malucos, e, as vezes, até perigosos, ameaçadores à civilização, à ciência. Somos considerados atrasados para o mundo, presos à nossa fé.
Tudo isso porque nós fomos alcançados pela Graça, pelo favor de Deus.
O ponto importante aqui é a linguagem da Cruz. Essa linguagem foi manifestada a nós através de algum episódio, algum profeta, algum mensageiro. Alguma coisa precisou fazer algum sentido, na mensagem que recebemos. E passamos a ter a missão de anunciarmos o evangelho que nos fala de Jesus. E uma das formas de falarmos do amor de Deus é com a nossa vida. Outra forma é fazendo como Paulo, clamando a Deus poder para anunciar a Palavra com ousadia e intrepidez.
“Mas recebereis o poder do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.”
Atos 1.8
E esta é a evidência que o Espírito Santo trabalha em nós, quando ele nos capacita para testemunharmos como intérpretes fiéis. É esta a maior função do Espírito Santo na vida do cristão. Ele deseja anunciar, pregar, testemunhar.
Há pessoas que estão esperando uma mensagem de Deus. Há muitos cristãos no mundo. O cristianismo é citado nas universidades, mas por intérpretes que só conheceram a pior parte da História do Cristianismo. Por pessoas que jamais tiveram alguma revelação do Alto, pessoas que não conheceram a Verdade.
Em Atos 2:
“E, cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar;
Atos 2. 1-11
E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.
E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Ponto e Asia,
E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.”
“Falar das grandezas de Deus.” O maior Poder que o Espírito Santo reveste o cristão não é somente o de falar em outras línguas. A maior evidência é a mensagem que glorifique a Deus e que explique ao ser humano, em linguagem compreensível, todas as revelações de Deus aos homens, sobre a realidade do mundo espiritual.
O maior poder que o Espírito derrama sobre nós é o de compreender a Deus, conhecer Sua Palavra, crer nos Evangelhos, entender a Cruz e a Ressurreição, reconhecer nossa queda e nossa necessidade de salvação.
Outro poder é o de sermos usados por Deus para pregar o Evangelho aos homens que ainda não obtiveram um contato com a mensagem de Deus, ou porventura receberam o conhecimento mas não creram. Estas pessoas precisam de algo sobrenatural Deus para que haja sentido. O Espírito precisa se comunicar com estas pessoas de forma que elas compreendam, dentro de sua estrutura. Deus conhece cada coração e sabe as palavras certas, Ele conhece a história de cada um, e sabe falar com cada um pessoalmente da forma que possam entender.
Se Deus tem poder para falar de suas maravilhas nos múltiplos idiomas deste globo, como no dia de Pentecostes, Ele também fluirá soberanamente suas instruções pelos seus servos que ficarem em Jerusalém até que do Alto desça Poder. Aqueles que receberem poder para serem testemunhas.
Oremos para que Deus nos capacite com aqueles que ainda não têm ouvidos para ouvir a Mensagem da Cruz.