Agostinho nasceu na cidade de Tagaste (Numídia, África; atual Suq Ahras, Argélia), em 354. Seu pensamento recebeu diversas influências ao longo de sua trajetória. Entre elas estão seu nascimento na, então, romanizada Tagaste; seu contato com a cultura helenística; suas viagens; suas leituras e outras. Sua lista de livros é enorme e cabe aos seus leitores saberem a data da produção de cada um para compreender. Agostinho mudou muito de opiniões ao longo da vida, poder ser um susto para o cristão o contato com seus primeiros livros.
Para ser um cidadão respeitado em sua cidade natal, Agostinho precisava ser:
“Livre e civilizado: não precisava ser rico. Seu pai, Patrício, era um homem pobre […] Agostinho cresceria num mundo competitivo, em meio a membros orgulhosos e empobrecidos da classe alta. A educação clássica era um dos únicos passaportes para o sucesso entre esses homens, e por pouco ele não perdeu até este. Seu começo de vida seria marcado pelos sacrifícios feitos por seu pai para lhe dar essa educação vital: Patrício e sua família andavam malvestidos; durante um ano desastroso […] Mas Patrício, talvez na condição de parente, pôde reivindicar a proteção de um poderoso do lugar, Romaniano. […] No mundo flexível do século IV, a sorte e o talento podiam eliminar o abismo entre um Patrício e um Romaniano. Em 385, Agostinho seria professor de retórica em Milão; estaria em condições de acalentar a perspectiva de desposar uma herdeira rica e obter um cargo de governador provincial.” (BROWN, 2005, 25)
Agostinho chegou a ser maniqueísta, acreditando que a alma e o corpo eram inimigos
desde a criação dos mundos. Quando chegou em Milão, no ano 384, para lecionar retórica, mudou sua perspectiva, conhecendo o Neoplatonismo. Ali conviveu com Ambrósio, cristão
e neoplatonista. Em 386 converteu-se ao cristianismo, mas inicialmente seus livros possuíram uma forte influência do Neoplatonismo.
Para Platão (428-348 a.C.), a alma era imaterial, imortal e capaz de reconhecer o mundo ao nascer devido a sua pré-existência (reminiscência). Sua superioridade estava na razão, cuja qualidade deveria governar tanto suas emoções quanto seus apetites carnais. (KELLY, 2009, p. 12) Plotino (205-270), egípcio de língua grega e fundador da escola neoplatônica,
incorporou elementos de Platão com ideias aristotélicas, estoicas e orientais. Era um monista. Segundo este filósofo, o mundo possuía uma parte transcendente, formada por Uno e Mente, superior à Alma. O Uno, origem do ser, era a bondade. A Mente (ou Alma Mundial) seria o princípio causal, capaz de retornar ao Uno. A alma era uma emanação da Mente, dividia-se em alma superior (de natureza mental) e em alma inferior (de natureza física, fenomenal). O corpo estaria ligado à alma inferior. A matéria não possuía a luz, ou visão, da Mente; sendo trevas e, por isso, má. (Ibidem, p. 15-16)
Quando escreveu sua autobiografia, Confissões (401), já era o bispo de Hipona desde 395. Neste livro, relatou não ter encontrado nos livros “platônicos” nada comparável ao primeiro capítulo de João 1. Sim, o autor de Confissões era um homem amadurecido e muito transformado em suas concepções de mundo, através das revelações da Palavra de Deus.
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Fontes consultadas:
BROWN, Peter. Santo Agostinho, uma biografia. Rio de Janeiro: Record., 2005.
KELLY, J. N. D. Patrística: origem e desenvolvimento das doutrinas da fé cristã. São Paulo:
Vida Nova, 2009.